Uso de órteses como tratamento complementar da diástase do músculo reto abdominal em puérperas

Resumo

A diástase dos músculos reto abdominais (DMRA) é a separação dos feixes dos
músculos retos abdominais na linha média que pode ocorrer durante a gravidez por efeitos
hormonais e alterações biomecânicas. Quando uma mulher não apresenta a involução
natural da DMRA no período pós-parto, esta passa a ser considerada patológica e, ao ser
negligenciada, pode desencadear uma série de sintomas que prejudicam a qualidade de
vida. O objetivo do estudo foi realizar uma intervenção fisioterapêutica com a prescrição de
exercícios para fortalecimento muscular de reto abdominal associado ou não ao uso diário
de cinta abdominal em puérperas com o diagnóstico de DMRA, com o intuito de analisar os
efeitos da cinta como um recurso e ampliar o acervo metodológico para esta temática. Para o
estudo, foram selecionadas 11 mulheres, entre 18 à 45 anos, divididas em dois grupos: O
grupo A foi composto por 6 mulheres em período de pós-parto tardio que receberam
orientações para realizar um protocolo de exercícios e também o uso de 6 à 8 horas diárias
da cinta abdominal com compressão média, enquanto o B, grupo controle, composto por 5
mulheres em período de pós-parto tardio, foram orientadas a realizar o mesmo protocolo de
exercícios que as participantes do grupo A. Os exercícios prescritos foram realizados, em sua
maioria, em decúbito dorsal e contração isotônica e isométrica da musculatura abdominal a
fim de fortalecer, ganhar mobilidade e melhorar a consciência corporal das participantes.
Após ambos os grupos completarem 10 sessões executando os exercícios prescritos, e 20
dias de uso contínuo da cinta pelas participantes do grupo A, todas as participantes
passaram por uma reavaliação para a coleta final de dados. Os dados quantitativos coletados
antes e após o período de intervenção foram: pontuação do índice Oswestry, mensuração da
DMRA e circunferência abdominal, enquanto os dados qualitativos coletados foram:
presença de desconforto estético, nível de consciência corporal e hábitos de vida. Para a
análise estatística, assumindo o pressuposto de distribuição normal (Shapiro-Wilk >0,05 em
todas as variáveis), optou-se por utilizar o teste T pareado para a diferença intra-grupos e o
teste T independente para as diferenças entre os grupos onde: o teste T independente
mostrou que não existe diferença entre os grupos em todas as variáveis analisadas, enquanto
o teste T pareado mostrou que existe diferença intra-grupos A e B na variável circunferência
abdominal e DMRA, mas não evidenciou diferenças intra-grupos no teste Oswestry. Com
relação aos dados qualitativos, as participantes do grupo A relataram o aumento da
consciência corporal e postural. Diante do exposto, conclui-se que o uso da cinta abdominal
pode ser um recurso benéfico para o tratamento da DMRA porém não possui ligação direta
com a reaproximação dos feixes do reto abdominal, sendo indicado a prescrição de exercícios
específicos como protagonistas do tratamento.