Transmissão vertical do HIV e suas medidas de prevenção no Brasil nos últimos 10 anos

Maria Fernanda Araujo Barbosa Lima, Júlia Oliveira Silva, Phaedra Castro

Resumo


A transmissão vertical (TV) do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) refere-se à passagem
do patógeno da mãe soropositiva para o filho e ela ocorre em três momentos: intrauterino,
intraparto e pós-parto respectivamente por infecção transplacentária, contato com secreções
maternas e amamentação. Alguns fatores aumentam o risco da TV, entre eles estão níveis
mais elevados de carga viral materna, a presença de infecções sexualmente transmissíveis não
tratadas, a falta de acesso à terapia antirretroviral (TARV) e a amamentação. O objetivo do
atual estudo busca analisar a TV no Brasil ao longo do tempo, caracterizar o perfil da
população das diferentes regiões do Brasil em relação à transmissão vertical e avaliar a
utilização das medidas de prevenção deste tipo de contaminação do HIV no Brasil. Nesta
pesquisa foi realizada a coleta de dados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(SINAN) e por informações do painel de indicadores epidemiológicos do Departamento de
Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. O projeto ocorreu entre Outubro
de 2022 e Julho de 2023, a partir da análise bibliográfica e da coleta de dados. Os resultados
mostraram que entre 2013 e 2022 houve redução de 92,42% da TV, entretanto, ainda é a
principal forma de transmissão do vírus em crianças. Dentre todas as regiões do Brasil, o
Nordeste teve a maior prevalência de TV, contudo, o Sudeste e o Sul são as regiões com
menores números de casos ao longo dos anos. Em relação às gestantes soropositivas, notouse
dificuldade em reduzir a taxa de infecção, visto que houve uma aumento de 9,23% nos
casos quando comparados os anos de 2013 e 2021. No que diz respeito à TARV na gestação,
houve aumento na TARV experimentada em 17,89%, entretanto, houve redução da TARV não
iniciada em 2,21% e a não experimentada em 15,68%, demonstrando que o tratamento está
sendo iniciado mais precocemente. A dosagem de CD4 nas gestantes com HIV diminuiu entre
2013 e 2021 de 33,29% para 18,12%. A quantidade de carga viral periparto aumentou nos
valores menores de 50 cópias/mL e reduziu nos valores maiores e, com isso, menor risco de
TV. Ademais, do total de gestantes com HIV nesses anos, 50.251 realizaram recomendações
clínicas no 1° trimestre de gestação, orientações as quais são essenciais para prevenir e
diminuir as taxas de TV. Dessa forma, a TV do HIV pode ser reduzida através de intervenções
preventivas e terapêuticas eficazes como a utilização adequada da TARV por gestantes
soropositivas pode diminuir a carga viral materna e a probabilidade de transmissão para o
bebê. Além disso, a realização de cesarianas eletivas em casos específicos e o uso de fórmula
infantil são medidas recomendadas para mães com HIV. Portanto, é crucial que os
profissionais de saúde e a população geral estejam conscientes de formas eficazes para
prevenir a TV, tendo em vista que impacta diretamente na criança a na mãe associada a
desafios sociais e estigmas, além de ter que conviver com uma doença para o resto da vida.


Palavras-chave


transmissão vertical de doenças infecciosas; infecções por HIV; prevenção de doenças.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2022.9606

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