Perfil epidemiológico da população idosa com transtorno depressivo, com base na taxa de mortalidade, pré e durante a pandemia de COVID-19

Natália Claret Torres Praça, Gabriela Kei Ramalho Yoshimoto, João de Sousa Pinheiro Barbosa

Resumo


O transtorno depressivo é uma patologia de alta prevalência na população idosa. O processo
de adoecimento é multifatorial, sendo necessário analisar fatores biopsicossociais de cada
período, como a pandemia de COVID-19 em 2020, que alterou o curso de diversas patologias
devido às medidas sanitárias adotadas e o medo do adoecimento. Assim, analisa-se o perfil
epidemiológico da população idosa com transtorno depressivo maior e recorrente (CID F32 e
F33) por meio da taxa de mortalidade e do número de óbitos de idosos nos anos de 2019 e
2020, em âmbito nacional e nas regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, por
faixa etária (60-69 anos, 70-79 anos e 80 ou mais), sexo, cor/raça, escolaridade, estado civil e
local de ocorrência. Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo epidemiológico
retrospectivo ecológico, com dados coletados no Sistema de Informações sobre Mortalidade
da Saúde (SIM) do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil
(DATASUS). Os resultados mostram um aumento da taxa de mortalidade em idosos por
depressão, de 1,93 por 1000 habitantes em 2019 para 2,46 por 1000 habitantes em 2020,
com aumento da taxa de mortalidade também em todas as regiões brasileiras, excetuando a
Região Sul. No ano de 2019, a Região Sudeste apresentou o maior número de óbitos, seguida
pelas regiões Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Norte. Porém, em 2020, ocorreu um aumento
significativo de óbitos nas regiões Centro-Oeste e Norte, ultrapassando a Região Sul. Em
relação a idade, a faixa etária mais acometida nos dois anos analisados foi a de 80 anos ou
mais. Em relação ao sexo, houve um aumento do número de casos tanto em homens quanto
em mulheres, porém as mulheres foram mais afetadas. Em relação à cor/raça, a população
branca foi a mais afetada, seguida por pardos, pretos, ignorados e amarelos. Vale ressaltar
que inexistem dados acerca de óbitos na população indígena nos anos analisados. Em
relação à escolaridade, idosos com 1-3 anos de escolaridade foram os mais acometidos,
seguidos por nenhuma escolaridade, 4-7 anos, ignorados, 8-11 anos e 12 anos e mais. Em
relação ao estado civil, os viúvos representaram o maior número de óbitos, seguidos por
casados, solteiros, ignorados, separados judicialmente e outros. Em relação ao local de
ocorrência, observou-se um aumento dos casos de óbitos em domicílio e uma redução dos
óbitos hospitalares entre o ano de 2019 e 2020. Assim, o perfil epidemiológico da população
idosa com transtorno depressivo, com base na taxa de mortalidade, pré e durante a
pandemia de COVID-19 foi: idoso com 80 anos ou mais, brancos, com menor nível de
escolaridade, viúvos e com óbito domiciliar. Dessa forma, baseado nesse perfil obtido,
busca-se uma melhoria do serviço de saúde mental prestado à população idosa que seja
consoante com o envelhecimento ativo e saudável proposto pela Organização Mundial da
Saúde e com o princípio de equidade do Sistema Único de Saúde, por meio de políticas
públicas direcionadas para aqueles mais afetados.


Palavras-chave


idoso; transtorno depressivo; pandemia por COVID-19.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2022.9597

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