O alarmante aumento da resistência bacteriana a antimicrobianos. seria o uso inapropriado destes um fator de influência no desenvolvimento de resistência?

Anna Luiza Zapalowski Galvão, Luisa de Melo Brandão, Fabíola Fernandes dos Santos Castro

Resumo


Antimicrobianos são medicações que matam ou desaceleram o crescimento de
microoganismos patogênicos. O primeiro medicamento dessa classe foi descoberto por
Bartolomeo Gosio ao isolar ácido micênico da Penicillium glacum. Pouco tempo depois,
Alexander Fleming descobriu a penicilina e fez uma previsão sobre o abuso de tais remédios
devido ao conhecimento dos efeitos “milagrosos” de tais drogas. O uso inadequado de
agentes antibióticos influencia a resistência bacteriana aos antimicrobianos. Ademais,
existem outros fatores de risco em relação ao desenvolvimento de tal resistência, como a
higiene precária, o aumento de migrações entre países e também a diminuição expressiva da
descoberta de novas classes de antimicrobianos no contexto atual. Atualmente, se observa
cerca de 700 mil óbitos por ano mundialmente relacionados a patologias por agentes
resistentes. Estima-se que esse valor pode alcançar até 10 milhões de pessoas por ano. Além
disso, segundo a organização World Bank, a resistência a antimicrobianos pode, também,
trazer prejuízos econômicos extremos, o que poderia contribuir para a condução de cerca de
28 milhões de pessoas para a linha de extrema pobreza. Assim, observa-se a grande
relevância de estudos que abordem tal temática, considerando também a escassez de
pesquisas que informem as práticas e atitudes da população do Distrito Federal que possam
favorecer o aumento da resistência bacteriana na comunidade e em ambientes hospitalares.
Nesse contexto, foi conduzido um questionário criado pelas autoras com o objetivo de
avaliar a realidade do Distrito Federal frente à resistência a antimicrobianos. Observou-se
que na população mais idosa, acima de 70 anos, cerca de metade dos entrevistados
apresentaram um comportamento inadequado em relação ao uso dessas medicações. Foi
observado, também, que 15% dos interrogados afirmaram já terem tido alguma infecção por
organismo multirresistente. 38,5% afirmaram, ainda, que já tiveram uma patologia que não
teve melhora mesmo após uso correto dos medicamentos indicados, sendo preciso a
alteração de medicação pelo profissional da saúde que o dava assistência. Outrossim, é
possível relacionar a pandemia do Covid 19 com o aumento de infecções resistentes. Entre
aqueles que responderam ao questionário, 9,1% afirmaram ter feito o uso de medicações
antibióticas para tratar ou prevenir a Covid19. Conforme já mencionado, o uso inadequado
dessa classe de medicamentos aumenta o risco do desenvolvimento de organismos
multirresistentes. A partir dos resultados obtidos, é possível afirmar que ,entre a população
entrevistada, há baixa prevalência de comportamentos considerados como de risco para o
desenvolvimento de resistência antimicrobiana. Isso se deve, principalmente, à aplicação do
questionário ter sido limitada à população do DF e, sobretudo, àqueles que vivem na região
central da cidade, devido à localização e ao público presente na universidade a qual as
pesquisadoras frequentam. O Distrito Federal apresenta, hoje, um índice de
desenvolvimento humano de cerca de 0,824, considerado muito alto para o Brasil. Assim, é
possível inferir que, apenas entre a população mais idosa e provavelmente oriunda de outras
regiões, se observa maior adoção de comportamentos de risco, que podem resultar em
aumento de hospitalizações e, consequentemente, maior custo para o Estado.


Palavras-chave


fármacos antibióticos; resistência bacteriana a antibióticos; Distrito Federal.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2020.8310

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