Análise descritiva do rastreamento do câncer de próstata no contexto assistencial de atuação das unidades básicas de saúde do Distrito Federal

Rebeka Moreira Leite Neres, Rafaela de Andrade Silva Miranda, Conrado Carvalho Horta Barbosa

Resumo


O câncer de próstata é a segunda maior causa de mortalidade por câncer em homens no
mundo. A maioria dos pacientes com essa comorbidade é assintomática, vindo a apresentar
sintomas apenas na doença localmente avançada ou metastática. Diante disto, é questionada
a importância do rastreamento para a prevenção secundária. Contudo, não há consenso
sobre a efetividade da aplicação destes rastreios na literatura. A Sociedade Brasileira de
Urologia (SBU) recomenda o rastreamento de CA de próstata de forma individualizada na
população masculina entre 55 e 69 anos. Por outro lado, o Ministério da Saúde (MS)
desaconselha esta prática, uma vez que evidências mostram que os danos superam os
benefícios, realizando, assim, a prevenção quaternária. Considerando tais divergências,
fez-se este estudo com o objetivo de avaliar a aplicabilidade do rastreamento do câncer de
próstata realizado pelos médicos da Atenção Primária em Saúde que atuam em Unidades
Básicas de Saúde (UBS) do Distrito Federal. Para isto, foi realizado um estudo transversal
quantitativo, por meio de um questionário que identificou a preferência dos profissionais, se
pela adoção das recomendações da SBU, a favor da triagem, ou do MS, que não recomenda
esse rastreio. Foi encontrada uma amostra total de 12 profissionais. Dentre estes, 66,7%
afirmaram que realizam o rastreio do CA de próstata dentro da sua prática médica. Como
instrumentos de rastreamento, PSA é utilizado por 87,5% dos médicos, 75% usam anamnese
e o exame físico e 25% utilizam o ultrassom de próstata. 33,3% afirmaram que não
indicavam o rastreio do CA de próstata na prática clínica com as seguintes justificativas:
“Falta de evidência científica”; “Mais evidências de malefícios que benefícios no
rastreamento”; “Exames pouco sensíveis”. 16,6% dos pesquisados indicam o início dessa
prática a partir de 40 anos, 50% acima de 50 anos e 8,3% afirmam que o rastreamento devia
começar a partir de 45 anos. A partir de revisão bibliográfica e coleta de dados da pesquisa
foi possível inferir que a falta de consenso entre as recomendações do MS e da SBU quanto
ao rastreamento de Câncer de Próstata dificultam a aplicabilidade dessa prática na Atenção
Primária em Saúde (APS). A falta de agentes educadores em saúde, o seguimento em
periodicidade inadequada dos pacientes, a falta de interesse do paciente no rastreamento e
a falta de verba para custeio de exames foram apontados como as principais barreiras
enfrentadas pelos profissionais médicos na APS. Para que o cuidado em saúde seja centrado
na pessoa, é necessário a prática da Prevenção Quaternária. Com base nesse conceito, o
sobrediagnóstico e sobretratamento é evitado. Além disso, o usuário da rede de saúde fica
ciente dos riscos e benefícios do rastreamento do CA de próstata e pode decidir, de forma
compartilhada com o médico, se deseja ser submetido ao rastreio, tornando-se assim,
agente ativo no processo de cuidado.


Palavras-chave


Câncer de próstata; Rastreamento; PSA; Prevenção primária; Prevenção quaternária.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2020.8241

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