Barreira acústica para a proteção da ictiofauna em hidrelétricas brasileiras

Letícia de Paula Lucena Mota, Sérgio Garavelli

Resumo


A energia elétrica representa um papel importante na história, alterou comportamentos e propiciou melhorias significativas na qualidade de vida da sociedade. Por conseguinte, esse tipo de energia hoje é de fundamental para os seres humanos e há uma busca constante para o aumento do potencial elétrico no mundo. Atualmente a energia hidráulica no Brasil representa mais de 65% na matriz elétrica. Entretanto, a produção desta energia tem como consequências impactos ambientais nos cursos d´água e prejuízos a população de peixes. Para preservar rotas migratórias de peixes, usinas hidrelétricas têm adotado sistemas de transposição e avaliado alternativas para a repulsão da ictiofauna visando evitar o acúmulo de peixes no sopé das barragens que resultam na mortandade em turbinas e vertedouros, em especial durante as manutenções periódicas e intempestivas das turbinas. Este trabalho é parte de um projeto de pesquisa e desenvolvimento que irá propor e testar uma barreira acústica que atenda as particularidades das espécies de peixes pertencentes a área de estudo, Usina Hidrelétrica de Jirau, situada em Roraima, na região amazônica. A tarefa específica deste trabalho foi simular diferentes configurações de barreiras acústicas com o objetivo de encontrar uma barreira ideal, com potencial de afugentar a ictiofauna a jusante dos tubos de sucção durante a manobra de parada, evitando o aprisionamento, o sofrimento de injúrias ou morte dessas espécies. A elaboração do projeto desse mecanismo de proteção, teve como ponto de partida dois parâmetros acústicos, determinados anteriormente pelo grupo de pesquisa responsável pelo projeto: o menor nível de estímulo sonora detectável, de 120 dB, re: 1μPa e faixa de frequência entre 100 e 5000Hz, faixa de audição dos peixes amazônicos mais comuns encontrados no local de estudo. Na simulação da barreira ideal, além do limiar de audibilidade da ictiofauna e os limites de frequências audíveis, foi levado em conta o som residual produzido pela operação das turbinas, a relação sinal/ruído e o decaimento da intensidade do som na água, chegando a uma barreira com intensidade acima de 160 dB, re: 1μPa. Por fim, com a utilização de um software adequado, simulou-se dois tipos de arranjos de fontes sonoras, o primeiro com uma única fonte e segundo com quatro fontes. Os resultados indicaram que os dois arranjos propostos são eficientes e tem potencial de afugentamento e proteção da ictiofauna a jusante de barragens de usinas hidroelétricas, localizadas na região amazônica. Como resultado do projeto teve-se a indicação do arranjo com uma fonte sonora, como suficiente para o propósito, pois apresenta o melhor custo-benefício.

Palavras-chave


Usinas hidrelétricas brasileiras; Ictiofauna; Barreira acústica.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2020.8158

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